segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Conceito Ada

Foto: Morgana Mazzon - Modelo: Patrícia Machado

Fico muito feliz quando descubro novas marcas que são adeptas do slow fashion, feita por pequenas empresas ou pessoas, de forma artesanal. Isso significa um maior cuidado e dedicação ao que está sendo feito, e muitas vezes está atrelado à uma preocupação com o meio ambiente e com um consumo consciente e alternativo ao mercado tradicional. É muito bom saber quem fez e de onde vem o que estamos comprando. 

A Ada se relaciona com todos esses conceitos. O nome da marca é uma homenagem à Ada Augusta Byron King, mulher que criou o primeiro algoritmo para ser processo por uma máquina. Aliás, mais do que uma marca, a Ada se vê como um conceito de liberdade.

Todas as peças são veganas e com um design minimalista, que foge de padrões da moda. Elas também são feitas com fibras naturais e feitas no Brasil, o que é legal porque estimula a produção nacional.

Além disso, a Ada promove uma iniciativa super bacana que é direcionar todos os resíduos têxteis para uma ONG que os transforma em caminhas para animais resgatados <3  

Eu conheci a marca há um tempo, navegando pelo instagram, e me encantei com as roupas. Por isso, fui atrás das meninas por trás da marca para conhecer um pouco mais sobre a proposta e hoje publico aqui no blog uma pequena entrevista, concedida gentilmente pela Camila, uma das sócias. 


"Acreditamos que menos é mais, acreditamos na liberdade de reinventar-se sem agredir o planeta"


Foto: Morgana Mazzon - Modelo: Patrícia Machado

Quando surgiu o interesse por uma moda mais consciente?

Para mim (Camila) o interesse surgiu no meio da faculdade de moda, quando o assunto de moda sustentável e consumo consciente começaram a ser abordados com uma maior frequência. A Melina é do interior e sempre teve maior contato e também o costume de consumir de pequenos produtores, de ter uma proximidade com quem faz os produtos e entender o processo por trás de cada produto.  


Vejo que existem muitas marcas que se preocupam com a sua produção e com toda a cadeia de consumo, e que são de Porto Alegre. Existe algum movimento na cidade que incentive esse tipo de consumo?

É peculiar que várias marcas ligadas ao consumo consciente surgiram em Porto Alegre na mesma época! Acreditamos que tem muito a ver com a mudança da forma de pensar do povo gaúcho. Somos incrivelmente tradicionais e acabamos recebendo muito bem as questões sobre sustentabilidade e manualidades. Acreditamos que um dos principais fatores é o fato das pessoas quererem se aproximar e conhecer os processos dos produtos, entender como cada item é feito e por quem é feito. Isso acaba por criar um vínculo maior com a peça, para além de apenas adquirir algo.  


Qual é a principal mensagem que vocês querem passar com a Ada?

Queremos conscientizar as pessoas sobre o verdadeiro consumo sustentável. Mostrar como as peças são feitas e quem está por trás delas, além de todas as etapas de processo produtivo. É preciso fazer com que se comece a compreender que o valor normal de roupa não é o de R$ 30,00 de uma blusa de fast fashion. Principalmente, queremos aproximar o consumidor de quem faz, criando uma relação mais próxima com o consumidor, livre de barreiras!  

Foto: Morgana Mazzon - Modelo: Patrícia Machado

sábado, 19 de novembro de 2016

Cozinhar é saudável



Convenhamos, pensar em preparar uma refeição depois de um dia cansativo e fora de casa é desanimador. Dependendo do nível de fome e da variedade da nossa despensa, a primeira e melhor opção de fato vai ser recorrer à comida que fica pronta em 5 minutos. 

Como já disse aqui, todo novo hábito requer adaptação. Preparar um caldo de legumes, um molho de tomate ou a marmita da semana é algo que leva tempo sim. Por isso, fica difícil deixar para fazer tudo no dia a dia.  Mas se a gente se dispor a separar algumas horinhas no fim de semana para nos organizarmos em relação à alimentação, vamos ter tempo suficiente para nos dedicarmos ao preparo dos alimentos que vão facilitar a vida durante a semana.

Citei o molho de tomate e o caldo de legumes porque foram duas coisas que eu já me arrisquei a fazer, depois de tomar uma decisão de fazer algo de fato para diminuir o meu consumo de produtos ultraprocessados. Praticidade nem sempre é sinônimo de comida embalada.  

Para estimular uma reflexão sobre o assunto, acho válido ressaltar aqui o projeto da Rita Lobo sobre alimentação saudável. No Panelinha, canal do youtube dela, estão disponíveis vários vídeos que desmistificam alguns conceitos relacionados aos alimentos e esclarecem alguns pontos importantes. 

Adoro a definição da Rita de que comida saudável é comida de verdade, feita em casa. Não basta comprar orgânicos, comer salada e banir metade dos alimentos existentes no mundo do prato para achar que está comendo de maneira saudável.

Pra mim, um dos vídeos mais legais desse curso é o que fala sobre como saber se um alimento é saudável de verdade. O professor  Carlos Monteiro, que coordena o ‘Guia Alimentar para a População Brasileira’, explica a diferença entre alimentos processados, ultraprocessados e naturais. É o bê-a-ba para sabermos o que a gente está consumindo. Clica aqui pra ver!  

Gosto muito do jeito que a Rita Lobo trabalha com o cozinhar e com a alimentação. Vale a pena assistir todos os vídeos do curso, que pode nos ajudar a repensar o nosso jeito de comer. 


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Compartilhando

Mais um post para compartilhar eventos legais que acontecerão nesse mês. Olha só:

1. Exposição "A Criança e a Imaginação da Matéria"

O museu A Casa recebe a partir do próxima sábado (12) uma exposição de brinquedos de sucata, todos feitos por crianças. As peças foram produzidas em um galpão na cidade de Fortaleza (CE). A exposição deve ser linda tanto pela criatividade de imaginação das crianças, quanto pela carga afetiva que cada brinquedo deve carregar.  

O museu fica na Av. Pedroso de Morais, 1.216 - Pinheiros (SP). A exposição é gratuita.

2.  Fórum sobre economia de baixo carbono 

O Insper recebe no dia 23 de novembro o fórum "Desenvolvimento e Economia de Baixo Carbono". Com colaboração da Folha de S. Paulo e Instituto Escolhas, e apoio do Instituto Clima e Sociedade, a ideia é abordar a questão de novas energias e a possibilidade de uma economia limpa.

As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pelo site aqui.

3. Festival Reverbere

O Reverbere é um festival de permacultura e essa é a sua primeira edição! O evento vai acontecer em São Paulo, de 23 a 27 de novembro e conta com palestras e cursos. Para participar, tem que fazer uma inscrição no site e fazer a doação de um brinquedo ou livro infantil :)

Mais informações pelo site aqui.   

terça-feira, 8 de novembro de 2016

COP22 e Acordo de Paris - Corrida global

A 22ª Conferência Anual da ONU sobre mudanças climáticas (COP) começou nesta segunda-feira (7) em Marrakech, Marrocos. Líderes de 192 países estão reunidos para discutir a urgência de medidas efetivas no combate ao aquecimento global, compiladas no Acordo de Paris.

A assinatura do acordo, que entrou em vigor no dia 4 de novembro, é considerada histórica porque Estados Unidos e China se comprometeram com a causa. 

A professora e pesquisadora Maureen Santos, da PUC-Rio e da Plataforma Socioambiental do BRICS Policy Center, disse em entrevista ao The Intercept Brasil que a eficácia do acordo, entretanto, é questionável.  
Ela diz que há outros fatores além das mudanças climáticas, como a crise hídrica, a questão do lixo, a perda da biodiversidade, e todos esses temas convergem para a crise ambiental.

Uma das maiores críticas feitas ao Brasil até agora foi sobre a possibilidade do país investir em energia proveniente da queima de carvão, “energia firma e barata”, segundo a com a Associação Brasileira do Carvão Mineral. Já é mais do que na hora de mudarmos a nossa mentalidade, substituindo o barato pelo sustentável (que se sustenta). Essa lógica de privilegiar o preço acima de consequências éticas, morais, econômicas, sociais e ambientais não dá mais.

A engenheira Suzana Kahn disse à BBC Brasil que a crise pode, na verdade, ajudar atualmente. "É por conta dela (da crise) que provavelmente vamos atingir nossas metas com mais facilidade. Crise reduz consumo, reduz energia... isso diminui a pressão sobre o uso dos nossos recursos naturais".



sábado, 29 de outubro de 2016

Sustentabilidade e Moda - Paraty Eco Festival 2016

A BBC Brasil publicou essa semana uma matéria que denuncia o uso de trabalho escravo de refugiados em empresas de fast-fashion na Turquia. Infelizmente, a matéria é mais uma que se soma às milhares de notícias que lemos sobre uso de trabalho escravo no mundo.

É muito chocante saber que empresas realmente usam esse tipo de trabalho e fazem vista grossa para a questão. É por causa de matérias como essa e outras que saem na mídia que nós consumidores devemos nos forçar para mudar os nossos hábitos de compra. Por algum tempo eu ainda comprei em lojas que eu sabia que usavam trabalho escravo, seja por comodidade ou por preguiça de ir atrás de alternativas. Mas desde que comecei a repensar sobre outros hábitos, comecei a refletir e levar realmente a sério as escolhas que eu faço também na moda. 


Paraty Eco Festival | Foto: InstigarBlog
Felizmente, já existem muitas pessoas pensando em alternativas para uma moda mais sustentável e consciente. E ser sustentável não diz respeito apenas ao meio ambiente, mas toda a cadeia produtiva. No último fim de semana eu tive a oportunidade de viajar pra Paraty, onde aconteceu a 6ª edição do Paraty Eco Festival. Foram três dias de palestras, exposições, oficinas e feira de artesanato, englobando moda e sustentabilidade.

A primeira palestra que eu assisti na sexta-feira foi da Barbara Mattivy, da Insecta Shoes. Ela falou um pouco sobre a marca, do que são feitos os sapatos e também sobre o comprometimento da Insecta em ser sustentável. Segundo ela, já foram feitos quase 15 mil pares de sapatos com mais de três mil roupas recicladas. 



Anatomia de um Insecta | Foto: InstigarBlog

Uma ação muito legal que eles estão fazendo de uns tempos pra cá é focar no pós consumo. Assim, a Insecta passou a receber os pares de sapatos antigos para dar um descarte correto para eles ou até mesmo reutilizar algum material. A Barbara também contou sobre uma parceria futura da Insecta com a Flavia Aranha <3

Outra palestra muito interessante, no sábado de manhã, foi com as representantes do Fashion Revolution no Brasil. Elas comentaram um pouco sobre algumas campanhas de conscientização realizadas e como o movimento trabalha diretamente com o consumidor, desafiando-o a cobrar das marcas que compra. Cada ano o FR lança uma campanha diferente, instigando as pessoas a pensarem sobre quem ou o que se sustenta quando se compra de uma marca.

Campanha do Fashion Revolution 2017 | Foto: Instigar Blog

A campanha desse ano foi sobre trabalho escravo infantil, o que infelizmente é muito comum no Brasil, principalmente nas fábricas de sapatos. Já a campanha de 2017 será "Money, Fashion, Power", e vai questionar todo o dinheiro que corre pela cadeia produtiva da moda. Isso engloba custos de roupas, pagamentos de funcionários e muitas outras questões.   


Dudu Bertholini cativou a platéia durante sua palestra | Foto: InstigarBlog

Dudu Bertholini também marcou presença no sábado. Uma das frases mais impactantes dele para mim foi a de que a moda não dita mais tendências, mas é um reflexo da vida. Ou seja, com mais e mais pessoas se questionando sobre a origem das suas roupas e cobrando das marcas uma atitude diferente, a lógica da moda está se transformando. E ela também é um reflexo do estilo de vida que está nas ruas. 

Isso já se conecta diretamente com o que foi abordado pelo André Carvalhal, que encerrou o ciclo de palestras no domingo. Ele falou muito sobre a mudança de comportamento de consumo e a consciência de que a marca que as pessoas compram é a marca que elas financiam. 

Ele também trouxe dados de choque sobre a indústria da moda, a segunda maior poluidora, perdendo apenas para a indústria de petróleo. 

O André encerrou um período de 10 anos na FARM e apresentou o seu novo projeto pessoal, a MALHA. Trata-se de um espaço de coworking, em um galpão em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Há um trabalho com novas marcas, que expõem os seus trabalhos, seguindo uma lógica produtiva alternativa dentro da moda. Também há palestras, shows e no futuro haverá um bar. Segundo André, é uma espécie de shopping do futuro, um lugar onde as pessoas não vão necessariamente para comprar, mas para trocar conhecimento. 


André Carvalhal contou sobre sua transformação profissional | Foto: InstigarBlog


Palestra André Carvalhal | Foto: InstigarBlog

sábado, 15 de outubro de 2016

Compartilhando

Fazia tempo que não tinha um #Compartilhando por aqui! Andei meio sumida porque estou na reta final do meu TCC, mas vim aqui trazer algumas dicas de eventos super bacanas pra este mês de outubro.

Paraty Eco Festival

De 12 a 23 de outubro acontece a 6ª edição do Paraty Eco Festival. Com realização do Instituto Rio Moda e Instituto Colibri, o evento conta com exposições, desfiles, palestras e oficinas que abordam o tema da moda sustentável. O festival também promove a valorização de produções artesanais das comunidades locais e de diversas cidades do Brasil.

Mais informações pelo site: http://www.paratyecofestival.com.br/  


ExpoReciclos

O shopping VillaLobos em São Paulo recebe até o fim do mês exposição "Reciclos - A arte da invenção". Todas as obras foram feitas com latinhas, plásticos, vidro, papel, óleo de cozinha etc. É mais um exemplo de como aquilo que consideramos lixo pode se transformar em arte.
O shopping fica na Avenida das Nações Unidas, 4777. A entrada é gratuita.
Mais informações: www.exporeciclos.com


Zoo Urbano

Outra exposição em São Paulo é a "Zoo Urbano", na Praça da Paz, dentro do Parque Ibirapuera. Ela também traz obras feitas com materiais reutilizados, estimulando uma reflexão sobre a quantidade de resíduos que produzimos e como lidamos com essa questão.  


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Cosméticos naturais | Rua do Sabão



Quem se preocupa em ter uma vida mais saudável geralmente tem um cuidado especial com a alimentação. Nos últimos tempos cresceu muito a demanda por produtos orgânicos, porque as pessoas começam a se questionar cada vez mais sobre a origem daquilo que estão comendo.

E esse pensamento deveria se expandir para tudo que consumimos. Já pensou de onde vem os cosméticos que você usa? A maioria dos produtos que existem por ai nas prateleiras são nocivos ao invés de benéficos, tanto pra nós quanto pro meio ambiente. Por exemplo, sabe as microesferas dos esfoliantes? Pois é, elas são plástico na verdade e poluem muito o meio ambiente. Muitas espécies marinhas ingerem essas microesferas 

Há algumas semanas eu estive em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo e conheci a Rua do Sabão, uma loja de produtos naturais (de verdade) e veganos. A Ana Carla é a dona super querida da loja e toda a produção é manual, feita na casa dela.   

Uma das coisas mais legais de se comprar um produto natural é exercitar um consumo consciente. Como eles têm uma validade de até seis meses, por mais difícil que seja, não dá pra comprar a loja inteira de uma vez ;)  

Uma das prateleiras com sabonetes variados

Shampoos!

Linha de cremes


As linhas da loja ainda são pequenas, mas bem variadas. Tem uma prateleira só de sabonetes feitos com diversos tipos de argila, cremes para corpo e cabelo, shampoos, buchas vegetais etc. Os shampoos vêm em frascos e são de refil! Dá pra levar na loja reutilizando a garrafinha e ainda tem desconto. Queria que desse pra sentir pelas fotos o cheiro maravilhoso do shampoo de mexerica, é incrível. 

Entre as ideias criativas da Ana tem um sabonete que é uma mini bucha vegetal. Ela vai aparecendo conforme o uso, então você lava e esfolia o corpo ao mesmo tempo. Ela também teve o cuidado de pensar em uma linha de produtos infantil e para as mulheres grávidas.   


Embrulho de presente reutilizável

Outro ponto que ganhou o meu coração foram as embalagens. Em algumas coisas a Ana ainda não viabilizou um jeito melhor do que o plástico, mas a embalagem de presente dela é um paninho de chita - que eu reutilizo como guardanapo <3

Uma loja de produtos naturais e que ainda é sustentável. Muito amor!     

terça-feira, 20 de setembro de 2016

É possível reciclar o lixo orgânico?

Acredito que muita gente relacione a reciclagem apenas com os resíduos sólidos, ou seja, basicamente embalagens. Pra mim, a reciclagem era isso mesmo, até que eu ouvi falar sobre compostagem. A primeira vez que eu li sobre esse termo foi em uma matéria do jornal Nexo. De cara, eu fiquei encantada com a proposta e pesquisei muito até tomar a decisão de ter uma.

A importância da compostagem está no fato dela ser uma alternativa para lidarmos com os resíduos orgânicos. Segundo um levantamento do Instituto Guandu e da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),  51% do lixo do Brasil é de matéria orgânica!

Print de matéria do Ciclo Vivo



Como funciona? 

A compostagem basicamente é a reciclagem dos resíduos orgânicos. A técnica pode ser feita com o uso de minhocas (californianas) que facilitam o processo de decomposição. Ao final são gerados dois tipos de composto, um sólido e outro líquido.

O composto sólido é uma terra muito fértil, que pode ser utilizada em vasos e hortas e o líquido também é rico em nutrientes, bom para borrifar nas plantas. Assim, a compostagem incentiva a agricultura :)  Se você não tem plantas em casa, pode doar para alguém que tenha ou propor um projeto de horta comunitária no seu bairro ou no prédio.  

O processo de compostagem contribui para que os resíduos orgânicos não sejam descartados incorretamente em lixões e aterros, evitando também a incineração, emissão de gases poluentes e a formação do chorume, o líquido tóxico que contamina o solo e a água. É um sistema simples que pode ser adotado em residências, empresas, escolas.

Foto da minha composteira | @instigarblog

É preciso ter alguns cuidados básicos, mas seguindo tudo certinho, é só alegria! Uma composteira é feita, geralmente, por três caixas: duas caixas digestoras e uma caixa coletora (pra onde vai o líquido dos resíduos orgânicos).

A caixa coletora é a da base e as duas caixas digestoras vão em cima dela. A primeira caixa digestora deve ser enchida com os alimentos orgânicos e quando ficar cheia, troca de lugar com a caixa do meio, que passará a receber os alimentos. Todo o material orgânico que for colocado na composteira deve ser coberto com alguma matéria seca, como folhas ou serragem sem cola ou resina. As caixas também não podem pegar sol diretamente e devem ficar em um lugar arejado.

Carnes, fezes de animais, papel higiênico usado e líquidos como sopas, caldos, leite e iogurtes não podem ir na composteira! As frutas cítricas como limão e laranja não recomendadas em grandes quantidades, porque podem afetar as minhocas, além de alho, cebola, óleos e alguns alimentos cozidos.

Crédito: Instigar Blog 

Por onde começar?

Em São Paulo, o pessoal da Morada da Floresta produz esses sistemas, e foi com eles que eu comprei a minha composteira, mas também existem vários tutoriais que ensinam a fazer uma, o que é legal porque reutiliza materiais.

Em 2014, a prefeitura de São Paulo lançou um projeto em parceria com a Morada chamado "Composta São Paulo", no qual algumas famílias foram selecionadas e presentadas com uma composteira para que a ideia pudesse ser disseminada na cidade.

Separei dois vídeos que podem ajudar a entender um pouco mais sobre a compostagem, um da Morada da Floresta e outro da Fe Cortez, do Menos 1 Lixo. É só clicar em cima dos nomes para assistir.

Ter uma composteira pode parecer algo muito maluco, meio de outro mundo, mas é apenas o choque frente algo diferente e desconhecido. Porém, acredito que se a gente se deixar experimentar o novo, podemos ver como é uma técnica viável e revolucionária. De pouco em pouco, espero que a compostagem se torne uma prática comum no Brasil e no mundo, como uma alternativa sustentável.

Minha dica é: pesquise muito, procure, tire dúvidas, experimente e instigue a si mesmo :)

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Festival da Agricultura Urbana




No último sábado eu fui conferir a 2ª edição do Festival da Agricultura Urbana, que aconteceu em São Paulo, na praça Victor Civita. O evento foi incrível! Tinha muita oficina legal, sobre horta, compostagem, alimentação e outros temas. Também tinham comidas variadas e uma feira de produtos orgânicos, vendidos por produtores locais.

A praça fica em Pinheiros, e o local costumava ser o lixão da região. Por esse motivo, o solo está contaminado por 300 anos e não se pode pisar nele. Para que a praça pudesse ser ocupada, foi construída uma estrutura de madeira em cima do solo, o que deu um ar super bonito pro lugar, mas por um motivo triste, se for pensar. 

Durante a tarde eu participei de uma conversa sobre hortas urbanas comunitárias e caseiras. Depois, fui para a palestra sobre compostagem doméstica com o pessoal da Morada da Floresta. Foi uma oportunidade ótima para tirar dúvidas sobre esses assuntos, expandir os meus conhecimentos e ser instigada por novas questões. Há tanta gente trabalhando em diferentes áreas, seja por uma alimentação mais saudável, um mundo menos poluído, uma cidade mais comunitária... e tudo isso reflete em uma maior qualidade de vida.

Muita gente pensa que falar de meio ambiente é uma coisa chata, mas se a gente pensar, tudo está ligado. Cuidar do meio ambiente é cuidar da qualidade da água que bebemos, dos alimentos que chegam até nós, do ar que respiramos e consequentemente da nossa saúde. Para mim, o festival serviu para mostrar há um pessoal engajado com essas questões e que o primeiro passo para mudar é a consciência! 

Conversa sobre hortas urbanas e domésticas com a Claudia Visoni

Essa casinha ao fundo era o incinerador do lixão de Pinheiros

Conversa sobre  Segurança Alimentar

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Menos Lixo • Dicas práticas para o dia a dia

Quando eu tive a ideia de criar o blog, fui pensando em alguns posts que eu poderia fazer. Um deles era sobre uma lista de atitudes que poderiam ser tomadas para ajudar a diminuir a nossa produção de lixo diária. Enquanto eu ensaiava começar o blog, conheci o Um Ano Sem Lixo, blog da Cristal. Ela se tornou uma grande referência pra mim e é uma pessoa que já pratica muitas coisas nessa questão e tem boas dicas para dar para quem quer diminuir a sua produção de lixo ou atingir um nível de lixo zero, que era a sua proposta inicial. 

Inspirada pelo ideal da Cristal, eu resolvi analisar o meu lixo sólido por uma semana. Grande parte dele seria reciclável - foi tudo para a sacola reciclável - mas na verdade nem tudo o que pensamos ser reciclável de fato o é.

Observei a minha produção de lixo não orgânico por uma semana e ela está listada abaixo:
  • papel higiênico - todos os dias
  • papel de barrinha de cereal - todos os dias (aproximadamente seis) 
  • embalagem de sabonete
  • embalagens de frios
  • embalagem de aveia 
  • caixinha de temaki
  • embalagem de chocolate
  • caixa de morangos
  • embalagem de ovos
  • saquinhos e embalagens de chá
  • embalagem de biscoito 
  • papel de bala 
  • copo descartável de chocolate quente
  • embalagem plástica de livro 

Imagina essa quantidade de lixo, ou mais, toda semana. Qual será o acúmulo no final do mês? E do ano? Quanto desse lixo realmente será reciclado? Diminuir a própria produção de lixo ou ir além, procurando atingir uma produção de lixo zero, exige primeiro de tudo um planejamento. É necessário uma mudança em relação ao nosso consumo de alimentos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, cosméticos, roupas, enfim, tudo o que compramos para a nossa vida.  

No Brasil, a indústria de reciclagem ainda não é muito forte, sendo que a população carece de uma educação ambiental, que possa contribuir para o trabalho que hoje é feito pelos catadores de cooperativas de reciclagem.

Como cidadãos, devemos cobrar dos nossos representantes que possam investir em políticas públicas voltadas para a questão, além do compromisso por parte das empresas, que deveriam investir em uma logística reversa de seus produtos, porque é de responsabilidade delas cuidar dos impactos daquilo que colocam no mercado. 

Ainda assim, mais do que investir em reciclagem, é importante que nós possamos também rever os nossos hábitos e diminuir a intensidade do nosso consumo. Há um conceito muito interessante, apresentado pela Isabela Maria Gomez de Menezes, do Transition Towns Brasil, que é a pré-ciclagem, ou seja, fazer uma seleção antes de comprarmos as coisas.  

Analisar o próprio lixo e pensar em alternativas é uma mudança para ser feita aos poucos. Todo hábito novo é difícil de ser assimilado. Mesmo com um copo reutilizável, sacolas e guardanapos de pano, muitas vezes eu acabava usando copos descartáveis, pegando sacolas no mercado ou usando um guardanapo de papel, seja pela praticidade do momento ou por puro esquecimento, pois aquilo ainda não era uma rotina para mim. Mas, fui melhorando a cada dia e hoje eu fico muito feliz quando posso abrir mão de algo que geraria lixo.  

Há cinco atitudes básicas para começar a reduzir a própria produção de lixo diária:  

1. Copo Reutilizável
Desde o começo do ano eu uso um copo de plástico que eu tinha comprado para me forçar a beber mais água. Ele tem um tamanho bom, é resistente e tem uma tampa que veda muito bem. Lendo alguns blogs eu percebi que há uma certa resistência com os plásticos, principalmente pela falta de informação sobre sua composição e porque é um material que demora muito para se decompor quando é descartado incorretamente.
Porém, eu já tinha o copo e não vou jogá-lo fora, porque ele está em ótimo. Uma coisa que li no Um Ano Sem Lixo é que para mudarmos os nosso hábitos, em termos de sustentabilidade, não adianta jogar fora tudo que você tinha antes e começar do zero, mas sim fazer uma transição.
Daqui pra frente, vou dar preferência ao vidro, principalmente para armazenar alimentos, porque eles podem ir ao microondas e não pegam cheiro como o plástico. 



O copo rosa geralmente fica no meu trabalho, eu sempre deixo lá para beber água e às vezes eu uso para beber suco na rua. Uma outra opção são copos de vidro, práticos e versáteis. Podem servir para beber algo ou também de pote para levar a marmita do dia. Eu sempre carrego um comigo na bolsa, de tamanho pequeno, para alguma emergência.  

2. Guardanapos de pano
Essa foi uma ideia que vi no Um Ano Sem Lixo e amei logo de cara. Os guardanapos de pano são reutilizáveis e você pode usar eles pra comer quando comprar alguma coisa, dispensando saquinhos de papel e também na hora de fazer as refeições na rua ou mesmo em casa.

Segundo dados do Instituto Guandu e Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), guardanapos​ usados, papel higiênico, esponja de pia e óleo de cozinha compõem, junto com outros resíduos para os quais não há reciclagem, 17% do lixo do país.

Eu comprei os panos em uma loja de tecidos e depois mandei na costureira para dar acabamento, mas se você tiver sobras de tecidos em casa pode juntá-los e fazer um guardanapo original. Esses da foto têm uns 40cm abertos.





3. Talheres
Carregar os próprios talheres pode contribuir para uma redução do lixo diário. Em três restaurantes que eu almocei, reparei que os talheres e guardanapos vinham embalados. Acho que é um desperdício de plástico e papel para embalar essas coisas. Os guardanapos em si já são um desperdício de papel. 

Eu não sei se há uma regra de higiene da Anvisa, mas fato é que já comi em restaurantes na rua e no shopping que não embalam seus talheres e guardanapos, mas os deixam dispostos em uma caixa. Para não enfrentar um dilema ecológico, tente levar sempre com você os seus próprios talheres. Eu resolvi investir em um kit de talheres dobrável, tipo de acampamento. E para dispensar os guardanapos de papel, invista em um de pano.




4. Carregar as marmitas/lanches em bolsas térmicas

Levar a própria marmita tem inúmeros benefícios. Primeiro, é uma forma de alimentação mais saudável, já que se trata de comida caseira. Basta se organizar, reservar um tempinho e adiantar algumas coisas para o decorrer da semana. É ótimo poder comer algo que eu fiz no lugar de um lanche rápido da rua. Segundo, ao levar marmitas e lanches, é legal investir em uma bolsa térmica para armazenar os alimentos e garantir uma durabilidade maior dos alimentos.

Eu também parei de embalar os meus lanches em papel alumínio porque certo dia eu me dei conta do grande desperdício de papel que isso era: muitas vezes ele nem sequer ficava sujo, mas era pequeno demais para ser reutilizado em outro lugar e não dava para usar no sanduíche do dia seguinte.

5. Sem canudos

Exceto para pessoas que possam ter algum tipo de deficiência ou necessidade especial, os canudos são algo totalmente dispensável. Eles são bonitinhos como enfeite, mas demoram anos para se decompor e acabam em lugares errados, como mares, oceanos, e narizes de tartarugas. É incrível o tamanho do estrago que algo pequeno pode fazer.

Em 2015 foi desenvolvida uma campanha super fofa, durante uma oficina no Seminário Gastronômico de Marketing. Para incentivar as pessoas a abrir mão dos canudos, foi criada a hashtag #MasBigotesMenosPitillos (mais bigodes, menos canudos). Então não tenha vergonha de abrir mão dos canudos e aproveite o bigodinho sempre que beber alguma coisa! :)   

domingo, 21 de agosto de 2016

Compartilhando

Um dos pontos positivos de São Paulo ser uma cidade grande é a diversidade de eventos que acontecem por aqui. Nos próximos dias a cidade terá uma agenda cheia, com uma virada e um festival, além de uma audiência pública pra tratar de um tema muito importante.


1. Virada Sustentável

A partir da próxima quinta-feira, 25, vai acontecer mais uma edição da Virada Sustentável. A programação é bem variada, com palestras, workshops e encontros em diversas regiões da cidade. Tem muuita coisa legal que fica até difícil escolher. A programação completa está no site.  

2. 2º Festival da Agricultura Urbana

No sábado, 27, além da Virada Sustentável, acontece o 2º Festival da Agricultura Urbana. O evento também tem diversas atrações, com temas ligados principalmente à alimentação e comida orgânica. Não encontrei site do evento, apenas uma página no facebook. Dá pra conferir toda a programação aqui.


3. Audiência Pública sobre agrotóxicos

Segunda e terça-feira que vem (29 e 30/08) , acontecerá uma audiência pública para debater a respeito do Projeto de Lei (PL) 3.200/2015, chamado de "PL do veneno". Trata-se de um projeto que pretende alterar algumas normas em relação ao uso de agrotóxicos no Brasil. Entre as propostas estão alterar o nome dos agrotóxicos para "defensivos fitossanitários", retirar a responsabilidade de órgãos como Ibama e a Anvisa de avaliarem e aprovarem os agrotóxicos, diminuir o tempo de aprovação de um agrotóxico, entre outros.
A audiência será na Faculdade de Saúde Pública da USP, em São Paulo, a partir das 8h30. O endereço é Rua Dr. Arnaldo, 715. Próximo à estação Clínicas do metrô.

*Errata: no post original eu falei que a audiência pública seria na segunda-feira (22) mas ela será apenas na próxima semana. 

sábado, 6 de agosto de 2016

Brechas Urbanas

Na última quinta-feira de julho (28) o Itaú Cultural abriu as portas para mais um encontro da série Brechas Urbanas. Em parceria com o movimento Cidade para Pessoas, a série tem como objetivo propor debates com especialistas sobre soluções inovadoras para as cidades.  

O último encontro teve como tema "Sua cidade é o que você come" e contou com a presença de Patrícia Brito, especialista em Política Cultural e Patrimonial e Bia Goll, cozinheira e permacultora. Mediadas pela jornalista Natália Garcia, as convidadas falaram um pouco sobre seus trabalhos e como pensam e estudam a relação das pessoas com a comida. A ideia era discutir como as nossas escolhas alimentares moldam o mundo.

Natália abriu o debate resgatando um pouco de história. Com imagens, a jornalista mostrou como era a organização da cidade de Londres antes da Revolução Industrial. Ela explicou que a cidade era moldada de acordo com o deslocamento dos alimentos. Era o fluxo alimentar que determinava a expansão da cidade. 

A partir de determinado momento houve uma ruptura dessa lógica. Uma vez que os alimentos não procediam mais de fontes locais, mas passaram a vir de fora, a cidade pôde crescer exponencialmente. A urbanização acarretou em uma desconexão do ser humano com a lógica natural em relação à comida. As pessoas não sabiam mais, por exemplo, sobre a sazonalidade dos alimentos.

Os alimentos industrializados foram vendidos como salvadores da pátria, uma forma rápida de se alimentar em meio à correria. Esse tipo de comercialização da comida afastou as pessoas do ato de cozinhar. Para promover uma adaptação, as receitas foram pensadas de forma que as pessoas precisariam incorporar algum tipo de ingrediente para finalizá-las, como um ovo ou um copo de leite. Assim, sentiam que estavam "cozinhando".

Um ponto que eu achei muito interessante e que foi levantado durante a conversa foi exatamente o ciclo da cadeia alimentar. O fim da cadeia, que são os resíduos, o nosso lixo, não está sendo tratado. Não há uma atenção para esse eixo da cadeia, e os nossos resíduos estão se tornando um problema para o mundo. Uma solução que está começando a engatinhar no Brasil é a compostagem dos resíduos orgânicos e a reciclagem dos resíduos sólidos. Mas é preciso muito mais engajamento e busca de conhecimento para praticar essas ações em larga escala e poder ver algum resultado de impacto positivo para o meio ambiente.
Patrícia trabalha com a comida como memória. É o que ela chama de memória gustativa. Ela estuda principalmente a relação de mulheres com os fornos, na região de Minas Gerais. Cada forno é diferente, concebido com diversas formas e tipos de materiais. As variedades desse utensílio se expressam em diferenças locais. Ela percebeu que os grupos quilombolas se destacam como detentores de um saber cultural  em relação aos alimentos e seu preparo.

Bia começou sua fala explicando que é ela cozinheira, que é aquela que trabalha com a comida. Ser chef também é uma característica sua, uma vez que tem que liderar uma equipe, mas não é com essa palavra que se define. Além de cozinheira, Bia é permacultora. Nesse ser, o que se busca são técnicas que possibilitem a vivência em harmonia com o meio ambiente.

Ela falou sobre a possibilidade de conexão com o planeta por meio da alimentação. Estudar a comida, se interessar pela sua procedência, como ela é preparada, cultivada e se preocupar com o destino dos nossos resíduos. 

"Quando você pratica o que você consegue fazer, já inspira alguém", disse. Essa fala introduziu sua opinião de que a mudança é necessária, mas deve ser feita aos poucos. Muitas vezes podemos sentir uma pressão para mudar nossa alimentação e nossos hábitos. Consumir orgânicos, investir em uma horta, compostar, podem não ser práticas tão simples ou acessíveis em um primeiro momento. Nada deve ser radical, mas um processo. O mais importante é adquirir consciência para que possa germinar a vontade da mudança. 

domingo, 31 de julho de 2016

Dicas de filmes

Se o intuito deste blog é instigar, aqui vão duas dicas de filmes para refletir. São dois filmes que me marcaram e me fizeram pensar muito sobre a nossa sociedade. Tive contato com esses filmes por meio de uma professora de português e redação, com quem eu fazia aulas preparatórias para o vestibular. Ela tinha uma linha de ensino mais contestadora e reflexiva, e nos trazia conteúdos alternativos ao que era trabalhado em massa nas escolas e cursinhos, focados apenas no conteúdo das provas. Acredito que os dois filmes estão disponíveis no youtube.

1. Ilha das Flores
Ilha das Flores é provavelmente um dos filmes mais curtos e impactantes que eu já assisti. Resumidamente, trata-se de um curta-metragem que reflete sobre a produção e o descarte dos nossos alimentos, sobre nosso consumo e sobre o modelo econômico que vivemos. Eu vi esse curta pela primeira vez no curso de português e depois eu voltaria a vê-lo na faculdade. Em uma sala de quase 40 alunos, apenas duas pessoas (eu e mais uma menina) já tinham ouvido falar dele, mas é um filme que deveria ser obrigatório em todas as escolas. 

2. Surplus
O principal foco de crítica deste filme é o consumismo insustentável. Ele também reflete sobre a influência da mídia sobre as pessoas. Em uma crítica, o escritor John Zerzan diz que a liberdade no capitalismo está em escolher marcas. O filme mostra o descontentamento de pessoas com os seus modos de vida, tanto no capitalismo como no socialismo.

Espero que gostem das dicas e que os filmes gerem boas reflexões.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Compartilhando

O final de semana está chegando, ou já começou, e vim aqui trazer duas dicas bacanas de eventos em São Paulo.

1. Armazém do Campo

Amanhã, sábado, será a inauguração do Armazém do Campo, um local para venda da produção da Reforma Agrária. A loja oferecerá produtos orgânicos e agroecológicos de pequenos produtores. O endereço é Alameda Eduardo Prado, 499, Campos Elíseos e a programação, que conta com atividades culturais e gastronômicas, começa a partir das 10h. Saiba mais pelo evento no facebook.

2. Plantio de árvores no parque

No domingo o grupo Floresta de Bolso organiza um dia de plantação de araucárias e árvores frutíferas. A ideia é resgatar as plantações que eram nativas da região e aumentar a biodiversidade do local. A participação é gratuita e voluntária, basta comparecer e ajudar. A jornalista Mara Gama fala mais a respeito do evento em sua coluna desta sexta-feira na Folha de S. Paulo. 
O plantio acontece a partir das 10h no Parque Cândido Portinari, localizado na Av. Queiroz Filho, 1365, ao lado do Parque Villa-Lobos. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Bioembalagens: Um passo para uma revolução

Hoje no Brasil há uma grande disponibilidade de acesso a produtos orgânicos, desde sucos até verduras, e também produtos que são caseiros. É muito importante mesmo que a gente questione a procedência dos alimentos que nós consumimos, mas também precisamos pensar a respeito do lixo que é produzido com a nossa alimentação. Além de pensar no nosso bem estar em relação aos alimentos que comemos, podemos aliar isso ao bem estar ambiental.

A reciclagem ainda está engatinhando no nosso País. A coleta seletiva não consegue atender a toda população, nem a maioria dela. Há também uma concentração do serviço nas regiões Sul e Sudeste. Hoje, a maior parte da coleta dos resíduos sólidos é feita por cooperativas de catadores que lutam pela formalização do seu trabalho. 

No Fórum Economia Limpa, promovido pela Folha de S. Paulo e Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade), especialistas discorreram sobre as dificuldades da reciclagem no País. Em primeiro lugar, não há no Brasil um incentivo por parte das empresas em uma logística reversa, de retorno das embalagens, para que a própria empresa seja responsável por dar a ela uma destinação correta. 

Outro ponto é que a maioria das embalagens dificulta o processo de reaproveitamento, pois muitas vezes têm em sua composição uma mistura de diversos tipos de plásticos, papel e outros materiais, os quais são difíceis de separar, tornando a reciclagem custosa ou inviável. No evento foi levantada a necessidade de que as empresas revejam o design e composição de suas embalagens. Esses desafios nos levam a pensar a respeito da cultura de embalagens à qual fomos acostumados. É difícil comprar algo que não venha em uma embalagem, desde roupas, comidas e cosméticos. Até nos restaurantes, talheres e guardanapos acabam sendo embalados. 

A fala de Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP, chama atenção para a necessidade de começarmos a rever a nossa produção e consumo: "Não tem planeta para o crescimento esperado para os próximos anos, e a reciclagem não vai dar conta disso". 

Em meio a esse cenário, surgem alternativas que parecem ser uma luz no fim do túnel, uma opção em meio às embalagens convencionais e não sustentáveis. É o caso da Oka Bioembalagens

A Oka é uma empresa de Botucatu, no interior de São Paulo, com o compromisso de produzir embalagens sustentáveis em seu processo, uso e descarte, as chamadas bioembalagens. Basicamente, são embalagens naturais, sem aditivos químicos e biodegradáveis. Por email, a empresa explica que suas embalagens podem ser descartadas em qualquer bioma que o retroalimenta. Assim, se for para a terra, virará composto; na água, alimentará os peixes e também pode ser usada como ração animal.

Essa múltipla funcionalidade é graças ao principal componente das bioembalagens: fécula de mandioca. Junto com água e fibras, a mistura dá vida a uma embalagem que suporta temperaturas de até 200ºC e também serve como isolante térmica. 


“Queremos sim ser competitivos e acessíveis para o mercado. Ainda temos o desafio de conseguir (a liberação da) Anvisa e a impermeabilização, mantendo o conceito de biocompatibilidade, e aí sim, entrar sem restrições no mercado”

Há uma diversidade de modelos, como, por exemplo, embalagem para ovos, bandejas, velas, copos e potes. É uma ótima maneira de incentivar uma produção de lixo zero. É possível comer tudo, até a embalagem! E elas também podem ser recicladas ou compostadas; de qualquer forma, se degradarão naturalmente. A Oka explica que a média de tempo que uma embalagem plástica leva para se decompor no meio ambiente varia entre 100 a 400 anos, enquanto as bioembalagens fazem o mesmo processo entre 100 e 400 horas. 

Em sua proposta de sustentabilidade, a empresa também busca formas de disseminar seus produtos com um menor impacto ambiental na questão de logística. Eles oferecem a opção de produção ‘in loco’, na qual as próprias indústrias produzem as embalagens. Essa técnica dispensa a necessidade de um transporte, que torna a produção mais rentável e contribui para uma diminuição das emissões de gases e combustíveis fósseis dos veículos.

A Oka busca cumprir todas as exigências para entrar no mercado e contribuir para um consumo sustentável.   

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Questões da terra

Eu tinha separado um link para compartilhar por aqui sobre a agricultura. É na verdade uma matéria que traz o estudo feito pela Larissa Mies Bombardi, professora de Geografia Agrária, na USP. Larissa fez uma extensa análise sobre o uso dos agrotóxicos no Brasil e suas consequências. Vale muito a pena ler! O link tá aqui.

Quero aproveitar para divulgar a campanha do pessoal do De Olho Nos Ruralistas, um observatório sobre o agronegócio no Brasil. O projeto é de extrema relevância, feito por profissionais da imprensa alternativa que se dedicam a produzir um conteúdo de denso e de qualidade, fruto de pesquisas sérias, que demandam tempo e recursos. Por isso, eles estão lançando uma campanha de crowdfunding, para atingir uma meta de orçamento para que o projeto possa ser colocado em prática. 
Pelo site é possível fazer doações de qualquer quantia, ou escolher uma quantia estipulada e receber um benefício em troca.

Tratar da agricultura e do agronegócio é falar da história do Brasil. É pensar sobre aquilo que comemos, sobre as lutas das pessoas do campo, dos indígenas. É tratar a respeito da terra, do desmatamento e da natureza. Discutir sobre o agronegócio é pensar sobre os nossos interesses, sobre o modelo econômico do País e sobre os rumos que estão sendo tomados a cada dia. É propor mudanças e melhoras.







quarta-feira, 6 de julho de 2016

Compartilhando

1. Agrotóxicos Agora Despejados Sobre Você - Outras Palavras

Nos últimos dias tenho lido matérias bem alarmantes em relação à política, saúde e meio ambiente. A possibilidade do presidente interino Michel Temer aprovar a pulverização de um veneno para combater o mosquito da dengue e da zika é realmente preocupante. A medida foi rejeitada pelo Ministério da Saúde e especialistas alertam que o veneno, além de causar danos irreversíveis ao meio ambiente, poluindo rios, mares e plantas, também pode ser ineficaz contra o mosquito, provocando apenas uma seleção natural, matando os mais fracos. Ainda não se concluiu sobre os efeitos nocivos sobre a população por serem desconhecidos, mas o desenvolvimento de doenças como o câncer é estudado por especialistas.  

Leia aqui.


2. Rio Descumpre Todas as Metas Ambientais para as Olimpíadas - Folha de S. Paulo 

Outra notícia triste é a respeito das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Nós já sabemos que o Brasil não tinha estrutura para receber um evento desses, e agora, com o cenário de descrença, governantes culpam a crise econômica e política. Fato é que o Rio de Janeiro tem sofrido um descaso por parte de seus representantes já há algum tempo. Essa matéria fala de todas as consequências ambientais que aconteceram com a realização das obras, e a incapacidade do governo de cumprir com as metas de proteção da natureza, o que se soma a outros problemas da cidade como a poluição da Baia de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas. 

Leia aqui.


domingo, 3 de julho de 2016

Reciclando o óleo de cozinha


Segundo o site da Vitaliv, o descarte incorreto de óleo é responsável por 20% do custo do tratamento de esgoto. Por ano, chegam a rios e mares 2,4 bilhões de litros de óleo, sendo que os brasileiros consomem uma média de 15 litros do produto, anualmente. Por essas questões, é preciso criar uma consciência de que o descarte incorreto do óleo pode nos causar grandes problemas, além de poluir a natureza.

O óleo de cozinha pode ser reciclado e para estimular essa prática, a Vitaliv, que é uma empresa produtora de óleo, criou um aplicativo que conecta o usuário a uma opção de descarte. A pessoa pode levar o seu óleo em algum posto ou pedir para que seja feita a retirada do material em sua casa. O aplicativo só atende algumas regiões da cidade de São Paulo, mas já é uma opção para botar em prática o descarte consciente do produto.

Em casa eu tenho usado há alguns meses um sabão feito de óleo. Quem produziu a barra foi a avó da minha amiga, que já faz isso há anos na casa dela. O sabão não dá nenhum tipo de alergia, a pele não fica tão ressecada como com um detergente normal e ele é ótimo para lavar, além de render bastante! 

Sabão caseiro


13/07 - Estou atualizando esse post com um link de matéria que saiu na Folha de S. Paulo intitulada "Óleo de cozinha é o vilão do esgoto no centro de SP, região líder em reparos". A reportagem fala sobre as consequências da falta de uma vigilância sobre o descarte incorreto do óleo por restaurantes da região. Dá pra ler aqui.  

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Arte e lixo

Hoje estive no Conjunto Nacional, em São Paulo e enquanto fazia uma hora por lá, me deparei com uma obra que me encantou. Trata-se de uma escultura de Dom Quixote, Sancho Pança e Rocinante. A obra chama atenção já de longe por seu tamanho, mas é de perto que se torna mais interessante. Ao nos aproximarmos, percebemos que tudo é feito de lixo!  

As orelhas de Rocinante são ferros de passar roupa, o Dom Quixote é todinho feito de latas de refrigerante amassadas e Sancho Pança tem seu corpo feito de tampinhas. É incrível ver como cada parte é na verdade uma peça de lixo, materiais que não foram reciclados e que se tornariam poluidores na natureza.

                                               
Detalhe de Rocinante / Foto Mariana Dib

A obra já esteve no Conjunto Nacional em 2005 e voltou este ano, para celebrar os 400 anos da morte do espanhol Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote. O trabalho foi realizado em parceria com a Cooperativa Social de Trabalho e Produção de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperaacs). Ao todo, foram utilizados 150 quilos de plástico e sucatas, 2.000 latinhas de Coca-Cola, 120 câmaras de bicicleta, 4.000 tampinhas de cerveja, 2.000 lacres de latinhas, 10 quilos de retalhos de pano, 30 quilos de papel, e outros objetos como pentes, escovas, brinquedos, liquidificador, vassouras, relógio, óculos, medalha, pincel, lanterna, filtro, teclado de computador, chapéu e cabo de guitarra.

Detalhe da perna de Rocinante / Foto Mariana Dib


A arte, com criatividade e talento, promove uma reflexão sobre o que é lixo e sobre como lidamos com a grande quantidade de coisas que descartamos todos os dias. Para quem estiver em São Paulo, vale a pena conferir.   

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Compartilhando

Navegando pela internet eu acho muitas coisas legais. Resolvi criar essa categoria de post para compartilhar sobre eventos, matérias legais e outras coisas que vi por ai. 

1. Mostra EcoFalante
De 15 a 29 de junho acontece a 5ª Mostra EcoFalante de Cinema Ambiental. O evento promove a reprodução de diversos filmes por cinemas de São Paulo que tratam sobre o tema do meio ambiente. Vale a pena dar uma olhada especial para os debates que serão promovidos. Há temas interessantes como A Indústria da Moda, Economia Solidária e Recuperação Ambiental. Dá pra saber mais sobre os debates aqui e a programação completa da mostra está no site.  


2. Feminismo e agroecologia
No próximo domingo (19) a SOF - Sempreviva Organização Feminista e a Quitandoca realizarão um evento muito bacana! Será um encontro com produtoras do Vale do Ribeira para debater sobre o plantio e comercialização de produtos orgânicos por mulheres! A intenção é uma aproximação entre o campo e a cidade. A programação conta com um debate, a exibição de um curta e uma feira orgânica no final <3
Mais informações pelo site.


3. Fraldas de pano
Essa matéria do blog Maternar, da Folha de S. Paulo sobre mães que trocaram fraldas descartáveis por fraldas de pano. Além de ser uma atitude que gera menos lixo, evitando as fraldas descartáveis que não podem ser recicladas, também é uma atitude de cuidado com as crianças. Eu já sabia de uma história que minha avó costumava lavar as fraldas de pano do meu pai, pois era esse tipo que se usava antes de surgirem as de plástico! Dá pra ler a matéria aqui.

4. Jovens Líderes ONU
A ONU está em busca de jovens para promover o desenvolvimento sustentável. Pelo site é possível indicar alguém de 18 a 30 anos que esteja envolvido em algum projeto relacionado a alguma das metas de desenvolvimento sustentável. Mais informações aqui.

Instigar

Por que comecei o blog? Eu sempre me interessei por assuntos de reciclagem, sustentabilidade e meio ambiente. Acho o máximo termos consciência de que os recursos do nosso planeta são escassos, e é uma verdadeira dádiva tudo o que temos. A água dos rios não brota ali — nem a comida nas prateleiras do mercado — mas ela tem uma fonte, que é limpa e pura. A natureza tem uma força e um ciclo, mas não estamos respeitando-a. Exemplos disso são desastres ambientais como o de Mariana (MG) e a quantidade de agrotóxicos que vão nos nossos alimentos pois, para acelerar a produção e atingir a demanda de consumo da população, muitas vezes os produtores utilizam agrotóxicos altamente nocivos para a nossa saúde. Não sabemos o que estamos comendo. Recentemente me peguei refletindo sobre como é importante termos consciência dos nossos atos, consciência no nosso consumo. Depois de ler uma matéria no jornal Nexo sobre composteiras domésticas, eu fiquei muito instigada. Era uma matéria bem escrita, que teve o cuidado de trazer um passo a passo sobre como funciona uma composteira. Também analisava prós e contras do sistema e trazia algumas soluções para possíveis problemas, mostrando, de uma forma simples, que era possível ter uma em casa. Então eu li outra matéria no mesmo jornal que falava sobre o impacto que o filme Procurando Dory poderia causar meio ambiente. Dizia que por causa do filme Procurando Nemo, as crianças ficaram fascinadas com o peixe palhaço e a procura pela espécie em pet shops aumentou muito. Só que essa demanda desenfreada começou a gerar consequências de uma pesca predativa do peixe no grande oceano  — que é exatamente a mensagem que o filme tenta passar! Eu fiquei dias pensando em como as pessoas não param para pensar nas suas atitudes, no consumo que ela fazem. Eu me incluo nessa. Quando se entra numa loja, por exemplo, não se pensa em quem fez aquela roupa, de onde veio aquele tecido, qual foi o processo que aquela roupa passou para chegar até ali; ela simplesmente existe ali. Após dias sem conseguir tirar essa reflexão da minha cabeça, eu comecei a questionar os meus próprios hábitos, e se eu realmente me preocupava com um consumo consciente e com questões de sustentabilidade. Comecei a pesquisar sobre várias coisas na internet e encontrei blogs muito legais de pessoas que têm uma consciência ambiental e mais, vivem os valores que acreditam. E foi baseada nisso que resolvi criar esse blog, para colocar em prática no meu dia a dia atitudes que possam ter um menor impacto para o ambiente, e também compartilhar notícias e outras informações importantes e legais sobre um consumo consciente, uma alimentação mais saudável, uma vida mais conectada com nós mesmos e tudo mais que vier à tona. A ideia do blog é refletir sobre diversos assuntos, tratar de possibilidades, sem a pretensão de dizer o que é certo ou errado, mas mais na vontade de refletir e compartilhar coisas que aparecem no meu dia a dia e claro, poder instigar o leitor.